sexta-feira, 24 de abril de 2015

Terminal

O passarinho estava ali,
sob a mesa há pouco desocupada
por um casal desencontrado.

Ele ciscava o chão
e comia passados.

Fagulhas de pão, fragmentos de sonho,
restolhos de dor,
partículas pequeninas de esperança.

Seu interior é uma mistura minha
do não sabido e do inventado
no ardor e no alívio
do sereno sacrifício do amar.

E quando ele voa
para as bandas de outros tempos
também ele sangra em meu pensamento.

E nem se sabe flagrado e findo
nas telas tênues do vento.

Nara Rúbia Ribeiro